sexta-feira, 18 de março de 2016

Capitão Guimarães

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Aílton Guimarães Jorge, mais conhecido como Capitão Guimarães, é um bicheiro e ex-militar brasileiro. Oficial das Forças Armadas durante o período da Ditadura Militar, é acusado de ter participado de procedimentos de torturas contra presos políticos[1] . Após deixar o Exército, tornou-se banqueiro do Jogo do Bicho.
Filho de um guarda-civil, a quem acompanhava nas rondas pela Zona Norte do Rio de Janeiro quando criança. [2] Cursou a Academia Militar das Agulhas Negras na arma de Intendência, foi um aluno aplicado, mas bagunceiro, foi o 15° de uma turma de 69, durante o curso passou 35 dias na cadeia.[2]

Carreira militar[editar | editar código-fonte]

Bom de bola, sambista, frequentador do Cordão da Bola Preta, entrou por vontade própria nas operações políticas da Polícia do Exército.[2] Segundo seus superiores era "inteiramente imbuído dos objetivos revolucionários, por um Brasil melhor, livre da corrupção e da subversão".[2] Em 1968 foi carcereiro deVladimir Palmeira, logo após a divulgação do Ato Institucional Número 5 prendeu Paulo Francis e Ferreira Gullar.[2] Em 1969, foi ferido na perna durante um tiroteiro, o primeiro oficial ferido em combate ao terrorismo.[2] Recebeu a medalha do Pacificador e foi elogiado por seu comandante.[2] No DOI-CODIorgulhava-se de interrogar os prisioneiros sem máscara. [2]
Na madrugada de 14 de maio de 1971, já no posto de capitão, na companhia de dois outros capitães do exército, dois sargentos e dois cabos, assaltaram uma casa na estrada do Mendanha, no Rio, para roubar centenas de caixas de uísque, perfumes, milhares de calças e jaquetas de uma quadrilha de ex-oficiais da polícia militar. [2] Em poucos dias os ex-oficiais da PM descobriram quem os tinha roubado e propuseram um acordo, no final da negociação ficou acordado que o capitão passaria a fazer serviço de escolta.[2] Um ano se passou, sem que fosse dado nenhum serviço aos militares da PE, que então roubaram um caminhão carregado de roupas e venderam por pouco mais de 30 mil dólares. [2] Os contrabandistas reagiram e eles foram denunciados ao comando do I Exército.[2]
O caso foi inicialmente investigado pelo tenente-coronel José Amaral Caldeira que investigou pessoalmente e inocentou todos os envolvidos.[2] Os contrabandistas finalmente passaram a contratar o grupo do capitão Guimarães.[2] No final de 1972 foi chamado junto com um sargento para guardar a chegada de 3 caminhões com roupas e cosméticos na praia do Caju.[2] Logo depois, em Sepetiba, um jipe do exército escoltou um comboio com mais de 18 mil calças Lee até o centro da cidade.[2] Nestas duas operações trabalharam junto com o comissário Euclides Nascimento, da Scuderie Detetive Le Cocq.[2]
Na madrugada de 22 de novembro de 1973, o capitão e o comissário escoltavam dois caminhões de uísque e cigarros, ao passar por São Cristóvão foram parados por dois policiais militares armados que confiscaram a carga, tentaram um acordo, infrutífero.[2] O capitão mandou chamar reforço no quartel e um camburão da PE, sob o comando de Paulo Roberto Andrade, chegou para desarmar os policiais e dar seguimento na carga.[2] O caso não deixou nenhum registro na PE, nem na seção de informações, como era usual na época.[2]
Em 20 de fevereiro de 1974 o governo se movimentou, a Polícia Federal e o Serviço Nacional de Informações reuniram provas e remetaram ao general Sílvio Frota que abriu um IPM para investigar a denúncia, sob o comando do coronel Aloísio Alves Borges.[2] No dia seguinte boa parte da quadrilha estava presa, incluindo o capitão Guimarães.[2] No fim do mês eram trinta presos, para colher os depoimentos foram submetidos a torturas.[2] Na primeira instância, 24 presos foram libertados em dois meses, no final o STM absolveu a todos.[2]

Vida civil[editar | editar código-fonte]

Guimarães passou à vida civil para trabalhar com o bicheiro Ângelo Maria Longa, começou como gerente e em sete anos já sentava no conselho dos sete grandes banqueiros, redigindo atas, delimitando zonas para os pequenos banqueiros.[2] Seu território se estendeu de Niterói ao Espírito Santo.[2]
Com ligações no Carnaval carioca, foi presidente da LIESA de 1987 a 1993 e de 2001 a 2007, quando foi preso na Operação Hurricane da Polícia Federal[3] , junto com outros bicheiros e dirigentes da entidade. Já foi presidente da Vila Isabel e patrono da Viradouro.

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